Negociações por trégua na Ucrânia travam em impasse diplomático e revelam abismo entre Moscou e Kiev

Putin rejeita proposta de cessar-fogo feita por Zelensky e impõe exigências unilaterais; Macron defende pressão no Conselho de Segurança da ONU

Reprodução/Internet

As negociações para uma trégua temporária na guerra da Ucrânia entraram em um beco sem saída diplomático, após o presidente russo, Vladimir Putin, rejeitar a proposta do governo ucraniano de estabelecer um cessar-fogo de 30 dias. A proposta, apresentada por Volodymyr Zelensky com apoio tácito de líderes ocidentais, tinha como objetivo abrir espaço para uma pausa humanitária e eventual retomada de um diálogo mais duradouro. Moscou, no entanto, respondeu com uma contraoferta simbólica de apenas três dias de cessar-fogo, coincidente com o Dia da Vitória (9 de maio), data histórica para a Rússia.

A exigência russa de que Kiev interrompa imediatamente seu processo de rearme, sem que o mesmo se aplique às forças de Moscou, tornou a proposta inaceitável para o governo ucraniano. Autoridades em Kiev acusam o Kremlin de manipular o processo de negociação com o objetivo de ganhar tempo militar para reforçar suas posições no leste e sul da Ucrânia.

A retórica do Kremlin foi intensificada por declarações de Dmitri Medvedev, ex-presidente e atual vice do Conselho de Segurança da Rússia, que sugeriu a criação de um “Tribunal de Nuremberg 2.0” para julgar autoridades ucranianas. A proposta foi recebida com indignação por Kiev e ampliou a sensação de que o diálogo com Moscou se tornou praticamente inviável no curto prazo.

Internacionalmente, o presidente francês Emmanuel Macron reagiu pedindo o aumento da pressão diplomática sobre a Rússia no âmbito do Conselho de Segurança da ONU. Macron reiterou que os próximos 15 dias são considerados cruciais para evitar a escalada do conflito e buscar mecanismos multilaterais que viabilizem uma trégua efetiva, ainda que temporária.

Apesar dos esforços de mediação, o clima de desconfiança mútua permanece dominante. Zelensky insiste que qualquer proposta de cessar-fogo deve ter como base a integridade territorial da Ucrânia e o respeito à soberania nacional — princípios que Moscou, até agora, se recusa a aceitar plenamente.

Enquanto isso, a guerra prossegue com intensos combates em Donetsk, Kharkiv e regiões próximas ao rio Dnipro, sem sinal de desaceleração. A deterioração das tratativas evidencia o quão distante ainda está uma solução negociada, mesmo para pausas limitadas no campo de batalha.

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