Crítica de Galípolo ao uso do IOF como arrecadação intensifica tensão entre governo e Banco Central

Presidente do BC se opõe à utilização do imposto para fins fiscais, enquanto governistas pressionam por redução da Selic

Reprodução/Agência Brasil

A declaração do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, contrária ao uso do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) como instrumento de arrecadação, gerou desconforto entre parlamentares da base governista. Galípolo expressou sua “antipatia e resistência” ao aumento do IOF com fins arrecadatórios, alertando para o risco de que tal medida seja interpretada como controle cambial.

Em resposta, líderes governistas intensificaram as críticas à política monetária atual, especialmente ao patamar da taxa Selic, fixada em 14,75% ao ano — o maior nível em quase duas décadas. Parlamentares argumentam que essa taxa elevada dificulta o equilíbrio das contas públicas, já que cada ponto percentual adicional na Selic aumenta a dívida pública em mais de R$ 50 bilhões, segundo estimativas do próprio Banco Central.

O governo havia anunciado um pacote de aumento do IOF visando arrecadar R$ 61 bilhões até 2026. No entanto, após repercussões negativas no mercado financeiro, recuou da proposta de elevar o imposto sobre aplicações no exterior. Galípolo elogiou a decisão, destacando a agilidade do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em suprimir a medida antes da abertura do mercado.

O vice-presidente Geraldo Alckmin defendeu a elevação do IOF, afirmando que os recursos são necessários para garantir o equilíbrio das contas públicas em 2025. Alckmin também sugeriu que a medida poderia contribuir para evitar novos aumentos da Selic.

Enquanto isso, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, estabeleceu um prazo de 10 dias para que a equipe econômica apresente uma alternativa ao decreto que eleva o IOF, diante da insatisfação de parlamentares e da ameaça de derrubada da proposta pelo Legislativo.

No setor de telecomunicações, a alta do IOF foi criticada por Marcos Ferrari, presidente da Conexis Brasil Digital, que representa as operadoras de telefonia. Ele alertou que o aumento do imposto pode comprometer investimentos em conectividade, especialmente em 5G e fibra óptica, afetando a inclusão digital em regiões periféricas e áreas carentes do país.

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