Reunião defende multilateralismo e intensificação de transações em moedas locais para reduzir dependência do dólar

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Os países do BRICS debatem nesta segunda e terça-feira (28 e 29) no Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro, uma resposta coordenada à guerra tarifária imposta pelos Estados Unidos sob o governo Donald Trump. O encontro, um dos primeiros desde a ampliação do bloco para 11 membros, foi aberto pelo chanceler brasileiro Mauro Vieira, que reforçou a posição de que o grupo deve atuar como força de paz, sem se tornar um bloco de confronto.
A declaração final em negociação deverá reafirmar a defesa do multilateralismo e a crítica a medidas unilaterais no comércio internacional. Embora sem citar diretamente os EUA ou Trump, o foco será a necessidade de reformar organismos multilaterais para torná-los mais inclusivos e justos.
A intensificação das transações comerciais em moedas locais é outra estratégia em destaque. Em 2024, 90% das transações da Rússia com parceiros do BRICS ocorreram fora do dólar, segundo o chanceler russo Sergéi Lavrov. Essa movimentação busca reduzir a vulnerabilidade às sanções econômicas impostas por países ocidentais.
Embora o Brasil mantenha sua política de neutralidade estratégica entre EUA e China, o presidente Lula planeja viagens à China e à Rússia nas próximas semanas, reforçando laços diplomáticos. Internamente, o Brasil também avalia que a atual crise global favorece a conclusão do acordo Mercosul-União Europeia, paralisado há anos.
O encontro ocorre no Palácio Itamaraty histórico, sede do Ministério das Relações Exteriores no Rio de Janeiro, e aborda ainda os conflitos em Gaza e na Ucrânia, com a defesa de soluções negociadas.