Modelo de 72 horas semanais foi proibido na China por gerar exaustão e mortes

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Startups de tecnologia nos Estados Unidos estão adotando a controversa escala 996: jornadas das 9h às 21h, seis dias por semana, somando 72 horas semanais. O modelo, originado na China, é visto como um símbolo da “escravidão moderna” no ambiente corporativo.
Na China, o regime ganhou força em grandes empresas como Alibaba e Tencent, mas foi alvo de protestos após casos de mortes por exaustão. Em 2021, o governo chinês declarou a prática ilegal, limitando a jornada a 40 horas semanais e 36 horas extras por mês.
Mesmo com essa proibição na China, a escala 996 se dissemina nos EUA, especialmente entre startups do setor de inteligência artificial. Segundo a revista Wired, há casos de empresas que exigem esse regime como critério para contratar novos profissionais.
A Rilla, startup de IA com 80 funcionários, afirma abertamente em seus anúncios de emprego que adota a jornada 996 e espera entusiasmo dos candidatos. Em troca, oferece refeições diárias no escritório, inclusive aos sábados, como parte do pacote.
Will Gao, chefe de crescimento da Rilla, defende o modelo dizendo que muitos jovens da geração Z se inspiram em figuras como Kobe Bryant, Steve Jobs e Bill Gates, que teriam dedicado todas as suas horas à excelência em suas áreas de atuação.
Por outro lado, há empresas que optam por consultar os funcionários antes de implementar o regime. A Fella & Deliah ofereceu aumento salarial e participação maior no capital, mas menos de 10% dos colaboradores aceitaram a proposta da nova escala.
Algumas companhias nos EUA evitam usar o nome 996, devido à repercussão negativa associada à prática. Ainda assim, mantêm jornadas semelhantes em áreas consideradas estratégicas, argumentando que o ritmo intenso é necessário para competir no mercado global.