No documento, a prefeitura solicita que as escolas evitem menções a temas como crucificação, ressurreição e celebrações litúrgicas.

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Professores da rede municipal de ensino de Pouso Alegre (MG) foram orientados a evitar qualquer referência direta à fé cristã nas atividades de Páscoa realizadas nas escolas. A recomendação foi feita por meio de um informe pedagógico da Secretaria Municipal de Educação e causou questionamentos entre educadores e moradores da cidade.
No documento, a prefeitura solicita que as escolas evitem menções a temas como crucificação, ressurreição e celebrações litúrgicas. O material também orienta o uso de símbolos culturais e lúdicos — como o coelho da Páscoa e ovos de chocolate — sem associações religiosas. A proposta, segundo o texto, é trabalhar a data com foco em valores considerados universais, como solidariedade, respeito e amizade.
A medida dividiu opiniões entre os professores da rede municipal. Alguns educadores ouvidos sob condição de anonimato disseram que a proposta foi interpretada como uma tentativa de “esvaziar” o sentido tradicional da Páscoa. Outros afirmaram que a recomendação não interfere no trabalho pedagógico e segue os princípios de uma escola pública laica.
A repercussão também se estendeu às redes sociais, onde a decisão da prefeitura foi criticada por parte da população. Comentários apontam que a medida seria uma forma de censura religiosa e que desrespeita as tradições culturais cristãs. “Estão tentando apagar nossas raízes”, escreveu uma moradora em uma publicação no Facebook.
Em nota oficial, a Prefeitura de Pouso Alegre afirmou que o documento tem como objetivo reforçar o compromisso com a laicidade do Estado e a diversidade religiosa. “Em nenhum momento houve a tentativa de desvalorizar ou omitir a figura de Jesus Cristo ou qualquer tradição religiosa”, diz o comunicado.
A gestão municipal também declarou que respeita todas as crenças e que a orientação busca garantir que todos os alunos — independentemente de sua religião ou falta dela — sintam-se acolhidos no ambiente escolar. “Reafirmamos nosso compromisso com uma educação que acolhe, respeita e valoriza a diversidade presente em nossa comunidade escolar.”
Apesar da nota oficial, pais de alunos também manifestaram dúvidas sobre como os temas serão trabalhados em sala de aula. “Fica uma sensação de que não podemos mais falar de coisas que sempre fizeram parte da educação dos nossos filhos”, disse uma mãe em um grupo de WhatsApp da comunidade escolar.
A reportagem procurou a Secretaria Municipal de Educação de Pouso Alegre para esclarecer como a recomendação será monitorada nas escolas, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.
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