Recusa de Pedro Lucas amplia crise entre União Brasil e governo Lula

Reprodução: ISN Online
O deputado federal Pedro Lucas (União-MA) recusou oficialmente, nesta terça-feira (22), o convite do presidente Lula (PT) para assumir o Ministério das Comunicações. A negativa ocorre 12 dias após o próprio Planalto ter anunciado a nomeação como certa. Em nota, o parlamentar agradeceu o gesto do petista, mas disse acreditar que poderá “contribuir mais com o País” na liderança da bancada na Câmara.
A decisão foi tomada após conversas com o presidente do União Brasil, Antônio Rueda, e o senador Davi Alcolumbre (União-AP), padrinho político da indicação. O movimento escancara a divisão interna no partido e expõe o mal-estar com o Palácio do Planalto, que já cogita transferir o ministério para outra sigla, como o PSD de Gilberto Kassab.
Nos bastidores, o recuo de Pedro Lucas foi influenciado por uma ala majoritária da legenda, ligada ao governador Ronaldo Caiado (GO) e ao ex-prefeito ACM Neto (BA). O grupo articula um afastamento cada vez maior do governo e teme que a aproximação com Lula prejudique os planos do partido para 2026, quando almejam disputar a Presidência da República. A avaliação é que aceitar o ministério comprometeria a narrativa de oposição moderada que tentam construir.
Situação trava escolhas do partido
O impasse travou também as movimentações internas do União Brasil. Alcolumbre pretendia emplacar o ex-ministro Juscelino Filho como novo líder da bancada, abrindo caminho para Pedro Lucas assumir a pasta. Mas Rueda rejeitou a ideia e sinalizou que não aceitará nomes ligados a escândalos recentes. Juscelino deixou o cargo após denúncias de uso indevido de verbas públicas e é visto como um passivo político.
Destaque no ISFM News
A crise expõe um problema maior para o governo: a dificuldade em encontrar nomes de confiança dentro de partidos formalmente aliados, mas rachados internamente. “Hoje para ser ministro pode ser qualquer um ou um qualquer”, ironizou o advogado Luciano Cascione, em comentário ao programa ISFM News desta quarta-feira (23). Para ele, o apadrinhamento político tem se sobreposto à qualificação técnica.
Cascione ainda criticou a forma como parlamentares se comunicam com a população. “Eles viraram a própria imprensa, munidos de seus celulares, divulgam apenas o que fortalece sua imagem”, disse. Na análise do comentarista, uma eventual adoção do sistema distrital misto nas próximas eleições pode agravar esse cenário, favorecendo quem já detém estrutura de campanha, emendas e visibilidade.
O que esperar?
Agora, Alcolumbre tenta encontrar um novo nome que agrade ao Planalto e não desagrade ao partido. Entre os cotados estão Damião Feliciano (PB) e Moses Rodrigues (CE), vistos como moderados e com trânsito tanto entre governistas quanto entre opositores internos. Mas a equação política para um novo ministro ainda parece distante de uma solução.
Enquanto isso, o governo avalia o desgaste público de mais uma nomeação frustrada. E o União Brasil, dividido entre o pragmatismo de Alcolumbre e o projeto eleitoral de Rueda, expõe cada vez mais as dificuldades do presidencialismo de coalizão à brasileira.
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