Pesquisadores no Peru identificam comportamento inusitado e estudam possíveis explicações para a relação pacífica entre predador e presa

Créditos: reprodução
Câmeras instaladas por pesquisadores na Estação Biológica Cocha Cashu, no sudeste da Amazônia peruana, flagraram uma interação incomum entre duas espécies tipicamente opostas na cadeia alimentar: uma jaguatirica e um gambá foram filmados caminhando lado a lado, sem qualquer sinal de hostilidade. O comportamento chamou a atenção da comunidade científica e deu origem a um estudo inédito.
O registro surpreendente foi obtido durante um monitoramento voltado ao comportamento de aves, mas o encontro entre os dois mamíferos foi captado por acaso. A princípio, os cientistas cogitaram um possível ataque iminente da felina, mas as imagens mostraram que ambos permaneceram juntos por mais tempo, retornando tranquilamente pela trilha da floresta.
Após o episódio, pesquisadores consultaram outras equipes que também realizam monitoramentos na região amazônica e encontraram pelo menos três registros semelhantes envolvendo as duas espécies. A repetição do comportamento motivou o início de uma nova etapa de observação.
O estudo envolveu a instalação de tiras de tecido com odores distintos — jaguatirica, puma e um controle sem cheiro — para medir a reação dos gambás. O resultado indicou que os gambás se aproximaram mais vezes e com maior interesse das tiras com odor de jaguatirica, demonstrando comportamento ativo de cheirar e se esfregar no material.
Diversas hipóteses foram levantadas para explicar a interação. Uma possibilidade é que os gambás utilizem a presença da jaguatirica para se proteger de predadores, camuflando seu odor natural. Outra tese sugere que a felina possa se beneficiar da companhia do gambá para evitar cobras venenosas, uma vez que gambás têm maior resistência a esses ataques. Também se considera que o forte odor do gambá possa ser usado como disfarce olfativo em estratégias de caça da jaguatirica.
Embora ainda não haja confirmação sobre as causas exatas da associação, os cientistas consideram a descoberta relevante e promissora para futuras pesquisas sobre interações ecológicas não convencionais na floresta amazônica.
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