Postergamento de precatórios favoreceu desempenho no início do ano; superávit acumulado soma R$ 54,5 bilhões

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O governo central do Brasil registrou um superávit primário de R$ 1,1 bilhão em março, abaixo da expectativa de R$ 1,3 bilhão estimada por analistas, segundo dados do Tesouro Nacional divulgados nesta terça-feira (29). Apesar disso, o desempenho do primeiro trimestre foi expressivamente positivo, alcançando R$ 54,5 bilhões — mais que o dobro dos R$ 20,2 bilhões registrados no mesmo período de 2024.
A melhora foi impulsionada por um efeito de calendário no pagamento de precatórios. Houve queda de R$ 31 bilhões nesses desembolsos no trimestre, já que a maior parte das decisões judiciais a serem quitadas, que no ano passado ocorreram em fevereiro, estão programadas para julho deste ano.
O secretário do Tesouro, Rogério Ceron, explicou que o adiamento dos precatórios foi estratégico para evitar uma expansão fiscal no início do ano, contribuindo para o esforço do Banco Central de controlar a inflação por meio do arrefecimento da atividade econômica.
No acumulado de 12 meses até março, o resultado primário ainda é deficitário, em R$ 10,9 bilhões (0,07% do PIB), mas próximo da meta de equilíbrio estabelecida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com margem de tolerância de 0,25% do PIB.
Ceron também comentou que, até o momento, o Tesouro não está sendo demandado a ressarcir os valores relacionados ao escândalo de descontos ilegais em aposentadorias, investigado pela Polícia Federal. Ele reconheceu ainda que medidas aprovadas pelo Congresso no ano passado não compensaram adequadamente as renúncias da desoneração da folha de pagamentos e que o governo aguarda orientação jurídica para resolver o impasse.