Lula teme entrada de crítica feroz no lugar

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O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) se vê no centro de um intenso debate na Câmara dos Deputados, onde aliados do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), avaliam que a cassação do parlamentar “não é proporcional” diante dos fatos que envolvem seu nome. A crítica surge após o episódio em que o deputado expulsou um manifestante a chutes do plenário, sendo comparado, dentro do Congresso, com o caso de Chiquinho Brazão (Sem partido-RJ), acusado de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco.
Apesar da tentativa de minimizar o peso da ação de Glauber, a avaliação predominante na cúpula da Câmara é de que o deputado do PSOL “não se ajuda”, continuando a criar atritos desnecessários com seus pares. Para membros da base governista, o caso precisa ser resolvido rapidamente, já que Glauber está em greve de fome há uma semana, o que agrava a situação do parlamentar.
Em meio ao impasse, uma solução proposta por alguns líderes da base é reverter a cassação recomendada no Conselho de Ética para uma suspensão temporária do mandato de Glauber. A ideia é modificar o relatório do colegiado diretamente no plenário, permitindo uma punição, mas sem tornar o parlamentar inelegível por oito anos, o que ocorreria com a cassação.
Interlocutores do PSOL, por sua vez, consideram que a suspensão seria a alternativa menos traumática e já estão articulando conversas com líderes e parlamentares do Centrão para viabilizar essa mudança. No entanto, no próprio Centrão, há quem defenda que a situação de Glauber já é irreversível e que a cassação é a única medida adequada diante do histórico de atitudes do deputado.
A relação de Glauber com outros parlamentares tem sido cada vez mais marcada por desentendimentos. O deputado nunca procurou dialogar com os colegas, preferindo confrontá-los publicamente, o que inclui ataques pesados, como as declarações em que o chamou o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira, de “bandido”. Nos bastidores, o ex-presidente tem pressionado pela punição de Glauber, refletindo a falta de simpatia que o deputado enfrenta dentro da Casa.
Parlamentares da base governista ressaltam a necessidade de Glauber mudar sua postura belicosa, mas não acreditam que pedir desculpas publicamente ao ex-presidente da Câmara seria uma solução. Isso, além de humilhar o deputado, reforçaria a ideia de que Lira estaria comandando o processo, o que nem o próprio ex-presidente deseja.
No cenário político, o Palácio do Planalto também está envolvido nas articulações para evitar a cassação de Glauber, mas de forma discreta. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, tem coordenado os esforços de diálogo com as lideranças da Câmara, enquanto outros ministros, como Sidônio Palmeira e Márcio Macedo, visitaram o deputado em seu acampamento no plenário. Mesmo com uma reunião prevista entre o presidente Lula e líderes partidários, o tema permanece restrito ao Parlamento, longe de uma decisão direta da presidência.
A situação é delicada para o governo, que vê na possível cassação uma vitória para a oposição de esquerda. A suplente de Glauber na Câmara seria Heloísa Helena (Rede-RJ), figura conhecida por suas críticas a Lula, o que tornaria a derrota ainda mais simbólica para a base governista.
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