Gravações revelam dificuldades cognitivas do ex-presidente durante depoimento a procurador especial em 2023

Reprodução/European Parliament
Áudios obtidos e divulgados pela Axios revelam lapsos de memória e confusão mental do ex-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, durante entrevistas concedidas em outubro de 2023 ao então procurador especial Robert Hur. As gravações fazem parte da investigação sobre o manuseio indevido de documentos confidenciais após o término do mandato de Biden como vice-presidente em 2017.
Nas gravações, Biden demonstra dificuldade para recordar datas e eventos significativos, como o ano da morte de seu filho Beau (2015), o período em que exerceu a vice-presidência e o ano da eleição de Donald Trump (2016). O áudio também registra pausas prolongadas, fala arrastada e murmúrios, elementos que não constavam na transcrição previamente divulgada. Em diversos momentos, seus advogados intervieram para fornecer informações que o presidente não conseguia lembrar.
Durante o depoimento, Biden aparentava estar engajado, adotando um tom nostálgico e paternal. No entanto, o clima tornou-se tenso quando seu advogado, Bob Bauer, interrompeu uma linha de questionamento que poderia levar Biden a admitir a intenção de manter documentos confidenciais, o que poderia ter implicações legais.
O procurador especial Robert Hur concluiu que, apesar de Biden ter “retido e divulgado intencionalmente materiais confidenciais”, suas limitações de memória e comportamento cooperativo tornariam improvável uma condenação criminal. Hur descreveu Biden como um “homem idoso, simpático, bem-intencionado, com memória fraca”.
A divulgação dos áudios reacende o debate sobre a transparência em relação à saúde cognitiva de Biden, especialmente após sua decisão de buscar a reeleição em 2024, aos 81 anos. A Casa Branca havia resistido à liberação das gravações, alegando preocupações com o uso político do material. A então vice-presidente Kamala Harris criticou as observações de Hur sobre a idade de Biden, classificando-as como “gratuitas, imprecisas e inadequadas”.
Este episódio se soma a uma série de eventos que levantaram questionamentos sobre a aptidão de Biden para o cargo, incluindo incidentes públicos de confusão e lapsos de memória. Em julho de 2024, sob pressão crescente, Biden retirou sua candidatura à reeleição e endossou Kamala Harris como candidata democrata, que acabou derrotada por Donald Trump nas eleições presidenciais.