Produzido a cerca de 80 anos, a iguaria mineira típica do Vale do Jequitinhonha passa a ser beneficiado pela medida que regulamenta sua produção
Por Fabi Cunha

Patrimônio cultural e imaterial de Minas Gerais, o queijo artesanal tipo Cabacinha, passa a ter regulamento próprio anunciado pelo governador Romeu Zema nesta quinta-feira, dia 15. Por meio da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, o governo do estado aplica medida que vai beneficiar 160 produtores que, a partir de agora, podem vender formalmente o queijo Cabacinha.
O Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade foi anunciado na cidade de Pedra Azul, no Vale do Jequitinhonha. Antes, os produtores não conseguiam habilitar suas queijarias em qualquer sistema de inspeção oficial o que dificultava a comercialização e expansão dos negócios.
A região produtora

O queijo tipo Cabacinha é produzido na região que compreende os municípios de Cachoeira do Pajeú, Comercinho, Divisópolis, Itaobim, Jequitinhonha, Joaíma, Medina, Pedra Azul e Ponto dos Volantes. São produzidas cerca de 214 toneladas ao ano por produtores oriundos da agricultura familiar, o que corresponde a 90% das queijarias atuantes.
O queijo é produzido a partir do leite cru bovino, coalho e soro fermento lácteo. A massa é pré-cozida e moldada artesanalmente no formato de uma cabaça, inspirado no fruto da cabaceira. De origem italiana, por lá o queijo é conhecido como Cáccio Cavalo pois, antigamente, ele era produzido a partir do leite cru de jumenta pelos povos nômades.
De acordo com Romeu Zema, a regulamentação significa dar valor ao produto que representa parte da cultura da região. “O que nós pretendemos é valorizar aquilo que é a tradição de Minas, que é a produção de queijo, e o Cabacinha, até pelo formato, pelo sabor, é um dos mais diferenciados entre os produzidos aqui”, ressaltou o governador.
A portaria nº2.377 do IMA detalha essa regulamentação que foi embasada por uma pesquisa coordenada pela Epamig em parceria com a Emater-MG, a UFMG, a Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ) e o Instituto Federal do Norte de Minas (IFNMG).
Os produtores locais comemoram a regulamentação. A maioria deles tem na produção do queijo Cabacinha o sustento de suas famílias. “Nosso queijo está tendo uma visibilidade que nunca teve antes. Agora, podemos vender nosso queijo em qualquer lugar e ainda vamos poder participar dos concursos e ampliar ainda mais nossa produção”, comenta o produtor Renato Rocha que, junto com sua esposa Adriana, produzem esse queijo na queijaria que construíram em sua propriedade. Atualmente, a produção está em torno de 20 peças por dia.
Durante a solenidade em Pedra Azul, o governo também fez a entrega de dez veículos, 15 notebooks e cinco projetores para a Emater-MG. Esse material tem como objetivo ampliar e aprimorar o suporte dos técnicos ao atendimento dos produtores.