Autoridades reforçam que não há risco no consumo de carne ou ovos, mas investigação segue sobre impacto no setor avícola
Por Fabi Cunha

Foi confirmada na sexta-feira, 16 de maio de 2025, a presença do vírus da gripe aviária em uma granja comercial localizada em Montenegro, no Rio Grande do Sul. O caso marca a primeira vez que a doença é registrada em animais criados para fins comerciais no Brasil.
O foco foi detectado entre as matrizes — fêmeas responsáveis pela produção de ovos férteis usados na criação de frangos. Cerca de 35 aves morreram, e exames laboratoriais confirmaram a infecção pelo vírus H5N1. Também há suspeita de um segundo surto no zoológico de Sapucaia do Sul, município próximo, onde dezenas de aves morreram.
Até então, a gripe aviária de alta patogenicidade havia sido registrada no Brasil apenas em aves silvestres e de subsistência. A confirmação em um sistema comercial acende o sinal de alerta para a cadeia produtiva do país, que é um dos maiores exportadores de carne de frango do mundo.
Ações de contenção e controle
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) colocou em prática o Plano Nacional de Contingência, que prevê medidas rigorosas de contenção, erradicação do foco e segurança sanitária. Segundo a pasta, o objetivo é controlar a disseminação da doença, proteger o abastecimento interno e garantir a segurança alimentar da população.
O que é a gripe aviária?
A gripe aviária é uma infecção causada pelo vírus influenza H5N1, que afeta principalmente aves. Ele foi identificado pela primeira vez em 1996, na China e em Hong Kong, e passou a se espalhar pelo mundo a partir de 2005, especialmente por meio de aves migratórias — os principais hospedeiros naturais do vírus.
No Brasil, o vírus foi detectado pela primeira vez em maio de 2023, em aves silvestres. Agora, exatos dois anos depois, chega ao setor comercial. A transmissão ocorre por contato com excrementos, secreções ou carcaças infectadas, além do solo e água contaminados.
Pode atingir humanos?
A transmissão direta para humanos é considerada rara, restrita principalmente a profissionais que lidam com aves infectadas. Segundo especialistas, os sintomas em humanos são semelhantes aos de uma gripe comum, podendo evoluir para quadros mais graves em casos específicos.
Até o momento, não há registros de transmissão de humano para humano nem mutações que indiquem adaptação do vírus ao organismo humano. O consumo de carne de frango ou ovos não representa risco de contaminação, conforme reforça o Ministério da Agricultura.
Impactos e recomendações
Autoridades recomendam à população que evite qualquer contato direto com aves doentes ou mortas, sem os equipamentos de proteção adequados. A investigação segue para identificar possíveis novos focos da doença e conter sua disseminação.
O setor avícola está em alerta, mas especialistas e o governo reforçam que a situação está sob controle e monitorada. A prioridade é manter a segurança do consumo e a estabilidade do mercado interno e externo.