Presidente do Supremo sinaliza frustração com o clima interno da Corte

Créditos: Ton Molina / STF
O presidente do STF, Roberto Barroso, tem demonstrado frustração com a divisão interna da Corte e cogita deixar o cargo após encerrar sua gestão em setembro. Em conversas reservadas, interlocutores relatam um sentimento de impotência diante do atual cenário no tribunal.
Barroso tem tentado minimizar publicamente o protagonismo da Corte, sobretudo o de Alexandre de Moraes, que lidera inquéritos sensíveis. Nos bastidores, porém, cresce o incômodo com a condução desses processos e a consequente exposição da imagem institucional.
Caso confirme sua saída, Lula poderá indicar mais um ministro ao STF, somando-se a Cristiano Zanin e Flávio Dino. Já são cotados nos bastidores Bruno Dantas (TCU), Jorge Messias (AGU), Rodrigo Pacheco (senador) e Vinicius Carvalho (CGU).
O futuro de Barroso, que possui vínculos com os Estados Unidos e costuma estudar em Harvard, também estaria ameaçado pela possível revogação de seu visto. Ao deixar a presidência, ele voltaria à 2ª Turma do STF, com ministros com os quais tem pouca afinidade.
Nos bastidores, ao menos cinco ministros criticam o excesso de protagonismo de Moraes, especialmente após a prisão domiciliar de Bolsonaro. A maioria no STF avaliou a medida como precipitada e teme que o episódio agrave ainda mais o clima institucional.
Além disso, cresce entre os magistrados o temor de serem atingidos por sanções da Lei Magnitsky. A percepção é de que Moraes, com sua atuação dura, teria precipitado um quadro irreversível de desgaste, especialmente em relação aos Estados Unidos.