Sanção imposta pelos EUA a Alexandre de Moraes pode isolar o ministro do sistema financeiro global e ampliar tensões diplomáticas internacionais.

Créditos:Antônio Augusto/Secom-TSE
O nome do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, entrou para uma lista em que nenhum brasileiro jamais esteve: a da OFAC (Office of Foreign Assets Control), usada pelos Estados Unidos para isolar do sistema financeiro global nomes ligados a corrupção, violações de direitos humanos e redes criminosas internacionais. A decisão, tomada com base na chamada Lei Magnitsky, pegou o país de surpresa e já provoca reações fora do Brasil.
Mas o que isso significa na prática? As consequências vão muito além de não poder visitar a Disney. Na vida real, essa medida pode transformar tarefas simples — como comprar uma passagem de avião ou acessar um aplicativo de banco — em um enorme problema para o ministro.
O que pode mudar na rotina de Moraes
Com a inclusão na lista, Alexandre de Moraes passa a enfrentar uma série de restrições:
Entrada proibida nos EUA: Se tentar viajar para lá, pode ser deportado ou até mesmo detido.
Bancos na mira: Nenhuma instituição financeira americana pode manter conta em seu nome. A regra pressiona bancos brasileiros com operações ligadas ao sistema financeiro dos EUA.
Serviços digitais em risco: Plataformas como Google, YouTube, Apple, Microsoft, Instagram e até aplicativos de delivery podem ser obrigadas a bloquear seu acesso.
Passagens aéreas: Companhias ligadas ao mercado americano podem ser impedidas de vender bilhetes para o ministro.
Risco de bloqueios no Brasil: Até contas em bancos nacionais podem ser encerradas se houver risco de conflito com as regras internacionais.
Tentativas de movimentar dinheiro por meio de intermediários também não garantem tranquilidade. A vigilância internacional sobre quem está na lista da OFAC é intensa, podendo atingir até familiares e amigos que tentem intermediar transações ou contratos.
Pressão também da Europa
O caso não parou nos Estados Unidos. A decisão recente de Moraes de suspender a extradição de um cidadão búlgaro, interpretada como uma retaliação política contra a Espanha após o impasse envolvendo o blogueiro Oswaldo Eustáquio, gerou desconforto diplomático na União Europeia.
Logo após o anúncio dos EUA, dezesseis deputados do Parlamento Europeu pediram que o bloco adote medidas semelhantes, aumentando a pressão sobre o ministro. O episódio já levanta questionamentos sobre a imparcialidade do STF e ameaça acordos de cooperação jurídica com países europeus.
Um caso sem precedentes para o Brasil
É a primeira vez que um brasileiro entra nessa lista, que normalmente reúne nomes de ditadores, chefes de cartel e líderes de regimes acusados de graves violações de direitos humanos. Analistas apontam que, se outras nações seguirem o exemplo dos Estados Unidos, Moraes pode enfrentar um isolamento global sem precedentes — com reflexos que vão do cotidiano à sua atuação institucional.