Governo resiste a demissão de Lupi em meio a escândalo no INSS

Ministro da Previdência é mantido no cargo enquanto Planalto adota postura cautelosa diante das investigações

Reprodução/Flickr ebc-oficial

O governo federal tem evitado demitir o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, apesar das pressões crescentes causadas pelo escândalo de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A estratégia adotada pelo Palácio do Planalto é a de manter uma defesa cautelosa do ministro, aguardando o avanço das investigações e avaliando o impacto político da crise.

Nos bastidores, membros do governo admitem que a situação de Lupi é delicada e que sua permanência dependerá de uma “avaliação política” sobre sua capacidade de conter os danos. Durante eventos do Dia do Trabalhador, ministros como Luiz Marinho (Trabalho) e Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência) saíram em defesa do colega, mas reconheceram a gravidade do caso.

A oposição tem explorado o escândalo no Congresso e nas redes sociais, exigindo a exoneração do ministro. Deputados de partidos da base governista — como Republicanos, PP, União Brasil, PSD e MDB — também assinaram pedidos para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) com o objetivo de apurar as irregularidades no INSS.

O caso envolve descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas, com prejuízo estimado em R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. As investigações revelaram que associações e sindicatos firmaram convênios com o INSS para aplicar descontos diretamente na folha de pagamento dos beneficiários, muitas vezes sem consentimento.

Carlos Lupi admitiu ter sido alertado sobre possíveis irregularidades, mas negou omissão. Disse ter tomado providências como a solicitação de relatórios e a exoneração do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. Críticos, porém, afirmam que as ações foram insuficientes e tardias.

O governo agora estuda formas de ressarcir os beneficiários afetados. A complexidade dos registros e a dimensão do esquema tornam o processo lento e difícil. As alternativas vão desde ações judiciais contra as entidades envolvidas até o uso de recursos públicos, ambas com entraves técnicos e jurídicos.

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