Prefeito condiciona novo terminal portuário à entrega de viadutos e admite rever leis de construção em áreas alagáveis

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A esperada licitação do novo terminal portuário STS10 foi pauta da entrevista do prefeito Rogério Santos (Republicanos) à rádio ISFM nesta sexta-feira (25), mas o tom foi mais de cautela do que de entusiasmo. Pressionado por perguntas do comentarista André Ursini e ouvintes, o prefeito vinculou o avanço do projeto a duas obras de mobilidade que ainda não saíram do papel: os viadutos da Anchieta e da Alemoa. Enquanto isso, a cidade segue travada no trânsito e na incerteza.
Para Ursini, Santos vive o melhor momento em meio século para se consolidar como polo logístico, mas a infraestrutura não acompanha o crescimento. A previsão de aumento no volume de cargas e caminhões com o novo terminal acende o alerta: “até o terminal ficar pronto, já estará esgotado”, alertou o comentarista. A crítica recai principalmente sobre os gargalos no acesso à cidade nos horários de pico, que afetam tanto a zona portuária quanto a mobilidade urbana dos moradores.
O prefeito admite a importância do leilão do STS10, mas diz que só concorda com o início da operação após a entrega de dois viadutos prometidos. O primeiro, uma ligação entre a Anchieta e a Perimetral, está sob responsabilidade da Ecovias, com tratativas diretas com o diretor Rui Klein. O segundo, na Alemoa, é tratado diretamente com o governador Tarcísio de Freitas. “Sem essas obras, a cidade não aguenta mais 15 mil caminhões”, justificou.
A fala do prefeito reforça a velha máxima santista: a cidade sempre espera uma obra futura para resolver problemas atuais. Enquanto isso, a Alemoa segue sendo o funil da entrada da cidade, com engarrafamentos diários e riscos constantes para motoristas e ciclistas. O argumento é que, com os dois viadutos prontos, Santos teria duas entradas operacionais — algo que há décadas é discutido, mas nunca entregue.
Construções subterrâneas
Além da mobilidade, Ursini puxou outro tema sensível: o solo da cidade. Questionou se ainda faz sentido permitir a construção de dois subsolos em uma região com lençol freático tão raso — entre 80 e 90 cm, segundo estudos — e que sofre cada vez mais com chuvas intensas e alagamentos. O comentarista sugeriu a revisão imediata da legislação, restringindo subsolos e incentivando estacionamentos elevados, como medida de adaptação climática.
Rogério Santos respondeu que é necessário atualizar as leis diante do novo cenário climático, ouvindo engenheiros e especialistas. Lembrou que cidades planejadas e ricas, como Dubai, também sofrem com enchentes. Citou como exemplo recente o pico de maré de 1,40 metro no dia 21 de abril, que, combinado com chuvas de 80mm em duas horas, inundou a Zona Noroeste. “Não há piscinão que dê conta com a maré alta”, afirmou.
Sobre as construções subterrâneas, o prefeito argumentou que projetos como piscinões debaixo dos jardins poderiam ajudar, mas atenderiam apenas a orla. As áreas mais afetadas, como os morros, Zona Noroeste e bairros industriais, seguiriam expostas. A fala deixa em aberto se a revisão da legislação sobre garagens em subsolo — prevista no Plano Diretor desde 1968 e alterada em 1984 — será realmente revista, ou apenas mais uma promessa técnica sem aplicação prática.
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