Calçadas ainda faltam para 27 milhões de brasileiros

E ainda, acessibilidade segue precária, mostra IBGE.

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Mais de uma década após o último levantamento, o Censo 2022 revela que 27 milhões de brasileiros ainda vivem em ruas sem calçadas — o equivalente a 16% da população. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (17) pelo IBGE e mostram que, apesar de avanços em infraestrutura urbana, a acessibilidade segue sendo um desafio para milhões de pessoas.

A pesquisa, que analisou mais de 63 milhões de domicílios em áreas urbanas ou rurais com características urbanas, aponta que 84% da população agora vive em vias com calçadas. Em 2010, esse índice era de 66%. A melhora, no entanto, esbarra na qualidade: só 19% dos brasileiros moram em ruas com calçadas livres de obstáculos.

O levantamento avaliou ainda a presença de rampas de acesso para cadeirantes. O resultado é alarmante: 119,9 milhões de pessoas vivem em vias sem qualquer tipo de estrutura que facilite o deslocamento de quem tem mobilidade reduzida. Só 15% da população reside em locais com esse tipo de acessibilidade, apesar da existência da Lei da Acessibilidade, em vigor desde 2000.

A situação é ainda mais crítica em 157 municípios, onde simplesmente não existe nenhuma rampa. Em 1.864 cidades, menos de 5% dos moradores têm acesso a esse tipo de estrutura. O contraste aparece em cidades como Maringá, Toledo e Cascavel, no Paraná, que se destacam positivamente no quesito acessibilidade urbana.

Mesmo nos locais onde há calçadas, a qualidade do espaço destinado ao pedestre é outro gargalo. Apenas 238 municípios brasileiros têm mais da metade da população morando em ruas com calçadas sem obstáculos. Em Santos (SP), o índice é de 65%. Já no Maranhão, Piauí e Acre, esse número não passa de 6%.

Segundo o IBGE, foram considerados obstáculos todos os elementos permanentes que impedem a passagem de uma pessoa em menos de 80 centímetros, como buracos, calçadas quebradas, desníveis, vegetação, mobiliário urbano e rampas improvisadas para garagens. A análise foi feita apenas em ruas onde há calçadas.

A presença de calçadas em bom estado é um dos critérios básicos para um ambiente urbano seguro e inclusivo, segundo especialistas. Sem elas, pedestres — especialmente idosos, pessoas com deficiência, gestantes e crianças — são obrigados a disputar espaço com veículos, aumentando o risco de acidentes e dificultando a mobilidade cotidiana.

O IBGE afirma que esta é a primeira vez que o Censo avalia não apenas a existência, mas também a qualidade das calçadas. Os dados escancaram a negligência histórica do poder público com o direito de ir e vir de quem anda a pé — uma população que, literalmente, continua sendo deixada de lado.

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