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Fim dos pancadões? Drone da Prefeitura de Diadema lança bomba de gás lacrimogêneo para dispersar festas

Prefeitura de Diadema adquire drone por R$ 365 mil para lançar gás lacrimogêneo em bailes funk de rua; medida gera críticas sobre repressão

Créditos: reprodução

A cena, que até pouco tempo parecia saída de um filme de ficção, agora é real em Diadema, na Grande São Paulo. A Prefeitura comprou um drone por R$ 365 mil, com tecnologia capaz de lançar bombas de gás lacrimogêneo sobre multidões. O alvo principal: os populares bailes funk de rua, os chamados “pancadões”.

A medida faz parte do programa Diadema Segura, criado pela gestão do prefeito Taka Yamauchi (MDB). O drone, fornecido pela empresa Condor Indústria Química, opera em altitude de até 70 metros, com autonomia de 15 minutos e capacidade de lançar até 24 projéteis em um único voo.

A compra, feita sem licitação, foi justificada pela Prefeitura sob o argumento de que se trata de uma tecnologia exclusiva no Brasil. A aquisição gerou críticas da oposição, que questiona tanto a prioridade orçamentária quanto o impacto da medida sobre a juventude periférica.

O que acontece nos pancadões?
Festas que reúnem centenas – por vezes milhares – de pessoas em ruas de bairros populares, os pancadões dividem opiniões. Para muitos jovens, é o único espaço de lazer e cultura acessível. Para vizinhos e autoridades, são foco de barulho extremo, fechamento de ruas e, em muitos casos, criminalidade e risco à integridade física dos participantes.

Relatos comuns incluem uso de drogas a céu aberto, menores consumindo álcool, brigas generalizadas e até disparos de arma de fogo. Em algumas edições, equipes médicas precisaram intervir após ocorrências de abuso sexual, acidentes com veículos e até atropelamentos durante a dispersão.

O que diz a oposição?
A vereadora Patrícia Ferreira (PT) criticou a iniciativa, afirmando que a gestão de Taka Yamauchi (MDB) trata os pancadões como “caso de guerra”, sem ouvir a juventude da cidade. “É como se a única política de segurança pública da cidade fosse lançar gás nos jovens. Não há diálogo, nem oferta de alternativas culturais”, disse em suas redes sociais.

A Prefeitura, por sua vez, defende a medida como uma resposta tecnológica e precisa a um problema urbano antigo. Segundo a administração, o drone será utilizado apenas em casos específicos, com base em protocolos de direitos humanos, e seu objetivo é proteger a população, ampliando a capacidade de resposta da Guarda Civil Municipal.

É o fim dos pancadões?
A pergunta que fica é: a presença de um drone lançando gás lacrimogêneo vai realmente acabar com os pancadões, ou apenas transferir o problema de lugar?

Especialistas em segurança urbana apontam que ações repressivas isoladas não resolvem fenômenos sociais complexos. Sem políticas públicas que ofereçam alternativas de lazer, cultura e inclusão para a juventude, é possível que as festas continuem ocorrendo — com mais risco, mais tensão e menos controle.

A compra pode ser investigada?
Sim. Embora o contrato com a Condor já esteja assinado e publicado no Portal da Transparência da Prefeitura, a aquisição sem licitação pode ser alvo de questionamentos legais. A justificativa usada foi a de inexigibilidade, com base em exclusividade técnica do fornecedor.

Parlamentares da oposição já pediram explicações formais, e a situação pode ser levada ao Ministério Público para análise. Além disso, o uso do equipamento por forças municipais poderá ser acompanhado de perto por órgãos de controle e pela sociedade civil, sobretudo se houver abusos ou incidentes nas operações com o drone.

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